Verificação do Desempenho do Filme pelo Usuário Final

Discussão e Métodos

A prática que utiliza um sensitômetro e um densitômetro para monitorar a “velocidade” ou “densidade média”, o “contraste” ou “diferença de densidade” e a véu intrínseco é conhecida pelos profissionais envolvidos nos procedimentos de controle de qualidade do processamento de filmes para radiografia geral e, especialmente, para mamografia. Embora a monitoração dos valores da densidade de filmes processados possibilite um nível de consistência de processamento, como é possível determinar se o “desempenho máximo do filme” está sendo alcançado? A capacidade de reproduzir determinadas densidades em um programa de monitoração da processadora não significa necessariamente que o filme esteja apresentando o desempenho ideal – ela significa apenas que as condições de processamento são estáveis.

Este documento aborda métodos que atualmente NÃO são muito utilizados em testes. Ele almeja apontar os desafios presentes quando se deseja “verificar” o desempenho de um filme ou sistema écran-filme de um determinado fabricante em relação a critérios comuns, como gradiente médio e “velocidade”, entre outros.

Um dos parâmetros de desempenho que pode ser usado no diagnóstico de ambientes de geração de imagens é uma medida de contraste dos filmes chamada gradiente médio. Os valores de gradiente médio produzidos pelos filmes são geralmente publicados por seus fabricantes. Aqueles que possuem sensitômetros e densitômetros projetados para controle de processadoras os utilizam com freqüência para obter o gradiente médio dos filmes usados em seus ambientes. A tendência natural é comparar esse gradiente ao valor publicado pelo fabricante do filme. Mas a precisão dos valores obtidos pelo usuário para o gradiente médio pode não ser confiável por diversas razões.

Os sensitômetros e densitômetros existentes no mercado para o controle de processadoras NÃO deveriam ser usados para determinar valores absolutos de “velocidade” e gradiente médio. A maioria dos fabricantes, tanto de filmes quanto de sensitômetros e densitômetros para controle de processadoras, reconhece isso.

<Check Alignment of PHs>Contudo, é possível obter melhores informações sobre o desempenho de filmes usando os sensitômetros e densitômetros normalmente comercializados SE determinadas condições (descritas neste documento) forem incorporadas e obedecidas na verificação. O teste utiliza um sensitômetro e um densitômetro padrão e o filme é exposto a uma luz de écran simulada. Entretanto, essa luz nem sempre corresponde à emissão espectral real dos écrans de intensificação expostos a raios x.

Embora os dados resultantes dessa modificação no método do teste devam ser melhores ou mais significativos, em comparação ao teste realizado sem esses controles adicionais, a sua precisão ainda pode ser posta em questão. No entanto, os métodos aqui sugeridos provavelmente bastam para que a maioria dos usuários possa confirmar in loco se o desempenho do seu filme é “ideal” ou está dentro dos limites de tolerância especificados.

O método que permitisse uma “verificação” local mais precisa do desempenho ideal do filme poderia exigir:

  1. Uma curva característica de “referência” criada pelo fabricante para um determinado filme, produzida com um sensitômetro disponível no mercado, cujas características de exposição ou parâmetros de calibração individuais fossem definidos de acordo com certas configurações. Essa curva seria gerada sob condições de processamento “ideais” (ou seja, usando os químicos do fabricante, devidamente misturados e à temperatura indicada para uma determinada processadora de filmes, com tempo de imersão no revelador conhecido). Os químicos usados na geração da curva deveriam ser “frescos” e não “sazonados”, a menos que expressamente recomendado em contrário. A curva característica de “referência” teria tolerâncias “máxima e mínima” para “velocidade” e gradiente médio na forma de duas curvas características adicionais, colocadas de cada lado da curva de “referência”.

     

  2. Equipado com um sensitômetro e um densitômetro da mesma marca, ambos selecionados ou calibrados para exibir características de desempenho idênticas às da unidade do fabricante, o usuário final exporia e processaria, em seu local de trabalho, os filmes que fossem da mesma marca e tipo usando químicos “frescos”. A marca dos químicos e da solução de starter de revelador, o método de mistura e as temperaturas da solução poderiam ser diferentes, de acordo com a situação do usuário. As mesmas diferenças poderiam ocorrer no tempo de imersão e na marca, modelo e condições da processadora. Na maioria das vezes, a diferença de químicos e equipamento é inevitável, porém essa e outras variáveis constituem justamente a razão da utilidade da “curva de verificação”. Ela pode indicar se o seu ambiente de processamento apresenta desempenho “ideal” (ou seja, dentro dos limites de tolerância indicados pelo fabricante), apesar de todas as variáveis. Observe que o objetivo aqui não é “repetir” o gradiente médio ou a “velocidade” do fabricante, pois outras variáveis externas ao próprio teste (variabilidade normal da emulsão e envelhecimento do filme, efeitos da armazenagem etc.) também podem afetar os dados obtidos. Em vez disso, o objetivo do método de comparação proposto é obter informações melhores em relação às dos testes realizados com sensitômetro/densitômetro “não padronizados” e químicos “sazonados”.

Dentre as dificuldades óbvias na realização do teste acima estão a obtenção de sensitômetros e densitômetros que “correspondam” àqueles usados pelo fabricante e o uso de químicos frescos. Há também outra questão, que diz respeito aos limites de tolerância para a curva característica gerada pelo usuário.

Este método de verificação poderia ser aperfeiçoado ainda mais, tornando os dados mais precisos obtidos pelo usuário final, se o filme usado por ele e pelo fabricante fossem não apenas do mesmo lote de emulsão, mas da mesma caixa. Poder-se-ia selecionar e separar uma caixa ou outra quantidade de filmes de “controle” nas instalações do fabricante (sob condições de armazenagem controladas) para as exposições, conforme necessário.

As amostras poderiam ser expostas nas instalações do fabricante, algumas das fitas expostas seriam enviadas imediatamente ao usuário final e ambos combinariam o momento de processar os filmes, a fim de minimizar as diferenças causadas pela demora no processamento (alterações na imagem latente). Isso evitaria que ambos tivessem de ter sensitômetros com a mesma calibração, porém a calibração do densitômetro continuaria sendo uma variável, ainda que seu impacto fosse menor na maioria dos casos. Os filmes processados pelo usuário poderiam ser reenviados ao fabricante para leituras de densitômetro e avaliação ou vice-versa, quando então o próprio usuário poderia comparar as fitas, usando o seu aparelho. Se fosse necessário, as curvas de “verificação” do fabricante seriam desenhadas considerando as alterações da retenção da imagem latente causadas pela demora no processamento, e o mesmo se aplica à obtenção do gradiente médio e da “velocidade” de “referência”.

A prática de envio aos usuários finais de fitas sensitométricas pré-expostas não é uma novidade. No início da monitoração de processadoras (cerca de 1970), um dos principais fabricantes de filmes radiográficos fornecia e enviava essas fitas aos seus clientes para esse fim. Posteriormente descobriu-se que, quando armazenadas por mais de algumas semanas antes do processamento, elas não indicavam com tanta precisão ou confiabilidade a consistência no processamento quanto as fitas recém-expostas, o que fez esse “serviço” ser interrompido.

Quando o usuário final deseja comparar o contraste de imagem visual de diferentes combinações de écran-filme (geralmente para a seleção e comparação de imagens clínicas), o método recomendado é o teste do “filme dividido”. Coloque metade de dois filmes diferentes no mesmo cassete e, com uma só exposição, tire uma radiografia de um objeto de teste apropriado, tal como uma cunha de alumínio. Esse teste pode ser realizado também para comparar as diferenças de “velocidade” e “contraste” entre lotes de emulsão diferentes de um mesmo filme.